Eu fui no Taj Mahal!

Diario de bordo: novembro de 2007.

No final de semana passado fui ao Taj Mahal e foi a experiência mais interessante e aventureira que passeio ate agora. O Taj Mahal eh um lugar muito bonito com construções esplondorosas, que valeu a viagem de 5 horas e meias de ida e 6 horas de volta. Bom, comecemos do "começo"... rs. No laboratório onde estou fazendo meu pos-doc estava acontecendo um workshop e normalmente vem alunos de vários lugares do mundo para fazer tal curso. Ele dura duas semanas e, no primeiro final de semana o próprio pessoal que estava participando do workshop alugou um micro-onibus e resolveu fazer este passeio para o Taj Mahal. Como eu ainda não tinha ido la, aproveitei a carona e resolvi entrar no grupo. No total foram quinze pessoas mais o motorista. Saímos num sábado as seis horas da manha com previsão de chegada no Taj Mahal as 11. Mas, como suspeitávamos, não foi bem assim que tudo acabou acontecendo.... As seis da manha pudemos ter a rara experiência de andar nas ruas e avenidas sem engarrafamentos ou multidões de gente. Algumas pessoas ate tiraram fotos das ruas vazias, pois eh evento raríssimo por aqui, digno de recordações e filmagens...rs. Mas a alegria durou pouco: assim que cruzamos a fronteira que divide o estado de Delhi com o estado de Utah Pradesh, enfrentamos nosso primeiro engarrafamento. As rodovias são bem estruturadas, com pistas bem asfaltadas e largas, mas a quantidade de caminhoes não deixa o transito fluir, e uma viagem que poderia durar 2 horas (como eh o caso da nossa, pois a distancia de Delhi para o Taj Mahal são cerca de 200km), durou quase 6 horas. Um outro problema que enfretamos foram os pedágios: alguns são pagos na rodovia mesmo, da mesma foram quando estamos viajando de carro pelo estado de São Paulo. Porem, em alguns pontos, o motorista tem que parar o veiculo e ir num posto comprar o ticket que da direito a passagem do veiculo na rodovia. So que cada parada em um posto deste demorava pelo menos meia hora... haja yoga e paciência nestas horas...rs. O nosso motorista também era uma figura: na primeira parada em um destes postos tudo ocorreu bem, foi rápido e pudemos continuar a viagem sem problemas. Na segunda parada, o motorista desceu do ônibus para pagar o pedágio e simplesmente desapareceu... depois de uma hora esperando e quase achando que o motorista tinha sido seqüestrado ou fugido, deixando-nos no ônibus, ele apareceu todo feliz e contente mostrando-nos o perfume que tinha comprado no mercado perto do posto do pedágio! Enquanto nos mofávamos dentro do ônibus, o motorista estava fazendo compras!!! (sem comentários).
Seguimos viagem e as 11 horas chegamos no primeiro ponto a ser visitado: um lugar chamado Fatepur Sikri, considerado antes uma "cidade abandonada", pois foi habitada somente enquanto o rei que a construiu morou la. Hoje, como virou centro turístico e eh bastante visitado, uma pequena vila foi se desenvolvendo ao redor de Fatehpur Sikri, e hoje há bastante gente por la. O lugar eh muito bonito, com construções faraônicas e um templo na parte central, todo decorado com arabescos e desenhos bem detalhados. Como o local eh considerado sagrado, tivemos que tirar nossos sapatos antes de entrar na cidade e andamos o tempo todo descalços.
Mais um fato interessante aqui: quando retornamos ao micro-onibus para seguir viagem, notamos que o motorista novamente tinha desaparecido. Num momento de desespero, um dos alunos do curso ligou para a agencia de turismo onde o veiculo tinha sido alugado e pediu para que um dos agentes de viagem localizasse o motorista ou desse-nos o numero de seu telefone celular. Após a ligação, conseguimos localizar o motorista que tinha ido num salão de beleza fazer a barba... acreditem se quiser. A partir de então, percebemos que o motorista não tinha a mínima preocupação com responsabilidade de horários ou mesmo quanto a segurança do ônibus (pois ele simplesmente "abandonou" o ônibus no estacionamento e foi fazer sua barba...).
Enfim, saímos deste local as duas da tarde e fomos chegar no Taj Mahal somente as quatro e meia. Tivemos que deixar o ônibus cerca de 500metros do Taj Mahal e seguir o resto a pe. Esse trecho também pode ser feito de oto, rikicha ou mesmo de camelo, mas como estávamos há muito tempo sentados no ônibus, resolvemos ir caminhando mesmo. A fila para entrar no monumento era imensa, mas como há duas entradas, resolvemos dar a volta no Taj e tentar entrar pelo portão sul que, teoricamente, eh o menos movimentado. Para entrar no Taj Mahal há duas filas: uma so para mulheres e outra so para homens. Todos são revistados antes de entrar, tanto bolsas quanto roupas (devido ao perigo de terrorismo), mas quando finalmente entramos, foi compensador.
O Taj Mahal (que significa "Palacio da Coroa") constitui, na verdade, de um complexo de monumentos e jardins. Há vários templos, museus, um jardim muito bem cuidado e o principal monumento – que eh o Taj Mahal mesmo – eh a grande atração. A historia conta que o Imperador Mughal Shahjahan construiu o Taj Mahal em amor a sua segunda esposa. A tumba da esposa esta conservada dentro do Taj e, para variar um pouco, há uma fila enorme para entrar no local onde a tumba esta guardada (pelo menos essa fila anda rápido...rs).
Ficamos duas horas no Taj Mahal, mas mesmo assim não foi tempo suficiente para visitar todas as atrações de la. O ideal seria ficar uma tarde interia, mas como não tínhamos muito tempo (pois o Taj fechava as sete da noite), visitamos apenas as construções principais. Para entrar no Taj Mahal também precisamos tirar os sapatos e algumas pessoas amarravam plásticos nos pés para não suja-los. Mas tudo eh muito bonito, o Taj eh lindo, e mesmo com toda aquela gente eh possível se sentir em paz naquele lugar. So mesmo estando la para sentir o quao prazeiroso foi ter conhecido esta Maravilha do Mundo.
Bom, no final do passeio voltamos para o micro-onibus - exatamente as 7 da noite. Todos cansados, famintos e loucos para voltar para Delhi. Mas nosso motorista não poderia nos "decepcionar" (rsrs). Desta vez, ele apareceu na hora marcada, mas não sei o que estava passando pela cabeça dele, pois durante quase todo o trajeto entre o Taj Mahal e a rodovia principal, ele parou o onibus umas cinco vezes (sem brincadeira) para ficar batendo papo com outros motoristas de ônibus e pessoas conhecidas. Em uma das vezes, ele chegou a parar o transito, pois ele não saia do ônibus, apenas parava perto de outro motorista e começava puxar papo. Desta vez ninguém agüentou: varias pessoas que estavam no passeio (incluindo eu) começaram a reclamar e gritar com o motorista para que ele seguisse viagem logo. E após tanta insistência, o motorista finalmente tomou o "cha de semancol" e resolveu seguir viagem. Mas a aventura não parou por aqui: para variar, nos perdemos dentro da cidade, e levamos duas horas para achar a rodovia... tinha gente que já estava tão estressada que quase desceu do ônibus e pegou um táxi de volta para Delhi. Enfim, fomos conseguir achar a rodovia as 9 horas da noite, e finalmente começamos nossa viagem de volta. Durante o trajeto, nunca tinha visto tantos acidentes autmobilisticos em um dia so. De pequenas batidas a caminhões tombados na pista, vimos um total de pelo menos 4 acidentes. Isso foi o que eu contei e soh durante o caminho de volta,e também considerando-se que eu dormi a maior parte do tempo e soh acordava com os solavancos que o ônibus fazia quando o motorista freava bruscamente, quase subindo encima de um carro qualquer que estava na frente...Chegamos em Nova Delhi por volta de meia-noite e meia, com preces e dos passageiros por ainda estarmos vivos!!! kkkkkkkk
Resumindo, foi tudo muito divertido, mas haja paciência e coragem para enfrentar o transito daqui, principalmente quando o motorista eh nativo!!!eheh. Para quem deseja visitar o Taj Mahal, vale a pena, não me arrependo da experiência que tive e, se Deus quiser, ainda irei de
novo para la!