quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Templo Dourado

Diario de bordo: agosto de 2008.
Este mes vou contar sobre dois passeios que fiz, um para o extremo oeste, perto da divisa com o Paquistao, e outro para o norte da India. Entao acho que vou dividir em dois posts, senao ficara muito grande...
Comecarei com o primeiro passeio: o pessoal do laboratorio resolveu montar uma excursao para uma cidade chamada Amritsar, onde fica o famoso Golden Temple – ou “Templo Dourado” – pois ele eh todo banhado de ouro. Este eh o maior templo Sikr, religiao derivada do hinduismo que hoje ocupa o segundo lugar de adeptos no pais. No entanto, pessoas de todas as religioes vao visitar esse templo, nao somente pela questao espiritual, mas pela beleza do lugar. Bem, esta cidade fica no extremo oeste da India, a 35km da divisa com o Paquistao. Entao, aproveitamos para ir la tambem, afinal, nao eh sempre que se ve indianos e paquistaneses convivendo sem guerras...
Partimos de Nova Delhi numa sexta-feira de manha e tinhamos o intuito de fazer os 500km ate Amritsar em 10 horas (tempo recorde, pois as estradas daqui sao terriveis!). Conseguimos chegar na cidade as 8 horas da noite, exaustos, famintos e doidos para um banho...
No outro dia, fomos ao Golden Temple. Antes de entrar, tivemos que tirar os sapatos, lavar pes e maos (para se purificar de qualquer sujeira....) e soh eh permitido entrar se a cabeca estiver coberta (pode ser com um chale, lenco, bandana, contanto que cubra). La dentro, ha um lago enorme onde se pode observar pessoas banhando-se nas aguas para se purificar. Ha uma ala separada para que as mulheres tambem desfrutem do banho sob as aguas sagradas. No meio do lago se encontra o templo e, para entrar nele, ha uma ponte conectando a margem do lago ao templo. Nao pense que entrar no templo eh facil: a fila eh enorme e a ponte mais parece um formigueiro de tanta gente disputando um pedacinho de espaco para nao ser jogada no lago e conseguir chegar no templo dourado. Eu nao tive tanta fe para enfretar essa fila... preferi ficar olhando soh de fora mesmo e tirar umas fotinhas...
O templo eh mantido com trabalhos voluntarios. Quem vai visita-lo aproveita para limpar as escadarias, lavar os banheiros, fazer a comida (os templos costumam oferecer comida para os fieis), enfim, servico eh o que nao falta. Na maioria das vezes, os voluntarios sao pessoas que nao tem condicoes de se hospedar em hoteis e dormem em acomodacoes precarias oferecidas do espaco do templo.


Bom, de la fomos a divisa da India com o Paquistao, que eh conhecida como Wagha Border. Todos os dias, ao por-do-sol, ha uma cerimonia de recolhimento das bandeiras de ambos os paises. Fomos para la assistir a essa cerimonia. Mas a cerimonia nao era nada do que eu esperava... quando chegamos no lugar, vi que, no exato local da divisa, encontrava-se um mini-sambodromo lotado de gente dos dois lados, sendo que, na pista, varias pessoas dancavam ao som de musicas indianas (no lado da India) e arabes (no lado do Paquistao). Parecia mais uma festa do que uma cerimonia militar. Tinha ate um animador de torcida que ficava gritando um “Hip hip, Uhaaa” em hindi, e a torcida respondia. La pelas tantas, os militares apareceram, e ahi sim, a pista foi esvaziada e a cerimonia comecou. Depois de muitas marchas, gritos, tira espada- bota espada na cintura, as bandeiras foram abaixadas, ambas ao mesmo tempo (para ninguem reclamar que uma desceu antes da outra) e a cerimonia terminou. E melhor, tudo sem conflitos entre os dois paises. Voltei para o hotel feliz por ter presenciado um acontecimento tao animado e importante para os dois paises.
Ainda tivemos tempo de visitar um parque da cidade chamado Jallianwala Bagh. Este parque ficou conhecido pelo fato de que, na epoca da luta pela indepencia do pais, houve um massacre de centenas de indianos pelos ingleses. E tudo aconteceu neste parque. Ha um enorme poco no local onde se diz que varios corpos de soldados e civis indianos foram jogados, e ainda permanecem la. E tinha gente que ainda ficava debrucada na beirada do poco tentando encontrar algum destes corpos... la tambem ainda esta o muro usado para executar os indianos a tiro, com as marcas de bala evidenciando os assassinatos. A terra dos jardins deste parque eh vermelha, e diz a lenda que ela ficou desta cor apos o massacre. Em homenagem aos que morreram, uma chama foi colocada no local e nunca se apaga, para que a lembranca do evento nunca seja esquecida. Apesar da tragica historia ocorrida neste parque, o lugar eh muito bonito e bem conservado e, hoje em dia, familias inteiras vao para la fazer piquenique, passear, levar os filhos para brincar...
Voltamos no domingo depois do almoco, chegando em Delhi na madrugada de domingo para a segunda. Foi uma viagem rapida, mas divertida e muito interessante. Valeu a pena!

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