terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Dia de beleza

Uma das melhoras coisas que encontrei aqui na Índia foi o bendito salão de beleza. É lógico que aqui isso varia muito, do mais simples – como aquele em que o dono monta o salão embaixo de uma arvore e ali mesmo faz todo o serviço – ao mais luxuoso, onde se serve ate almoço durante os tratamentos. Bom, acho que todo mundo já deve ter uma noção de como são os “salões de beleza” simples; isso a televisão mostra o tempo todo. Mas os salões de gringo mesmo, ah... Esses são de primeiro mundo. E muito melhores do que muitos salões vip no Brasil.
Pois bem, explicarei como funciona: há um salão de beleza aqui que mescla os serviços de salão com os de um SPA, então tudo é voltado para o seu bem-estar, relaxamento, muita massagem e vários, vários tipos de óleos, cremes e esfoliantes. Logicamente, o serviço é mais caro do que qualquer outro salão de Nova Deli, mas comparando-se os preços com os serviços no Brasil, compensa, e muito. Quando se faz manicure e pedicure nesse salão, por exemplo, você não terá somente suas unhas cortadas e esmaltadas, e a cutícula retirada. Você recebe uma esfoliação que vai ate o cotovelo (no caso da manicure) ou ate o joelho (no caso da pedicure), seguida de uma massagem e hidratação. O tratamento das unhas, no final, acaba sendo o menos importante do processo geral manicure/pedicure. Ah! E quem faz a unhas são homens, não mulheres...
Para os cabelos, existe a hidratação habitual de todo salão, com cremes e ampolas de marcas famosas, mas também há o que eles chamam de “head massage”. Nesse tratamento, eles colocam um óleo no couro cabeludo (que pode ser de amêndoas, coco, lavanda, oliva...) e vão massageando a cabeça ate espalhar todo o óleo. Depois de massageada a cabeça e o cabelo, eles massageiam os ombros e pressionam a coluna vertebral em pontos estratégicos que te deixam babando na cadeira, pois o corpo fica completamente relaxado. Se você fizer o kit manicure-pedicure-“head massage” ganha uma massagem no corporal de brinde, pois pernas, braços, cabeça-pescoco e costas saem massageados e relaxados.
Ate mesmo o simples ato de lavar os cabelos no salão é relaxante: a pessoa que lava aproveita a aplicação do condicionador para fazer mais massagem no seu couro cabeludo. Não da pra ficar sem babar... E a escova é super-rapida: em 10 minutos a cabeleireira consegue colocar meu cabelo em ordem, incrível! Sem contar que nem precisa de chapinha para deixá-lo liso-escorrido.
Outra diferença é o modo como eles depilam a sobrancelha. Não é com cera, nem pinça; o método utilizado é uma linha, parecida com as de anzol, que vai sendo passada na região a ser depilada. Em cinco minutos a sombracelha esta limpinha, nem da para acreditar que o processo é tão rápido. E melhor, não dói tanto quanto a cera e a pinça.
Custo total deste pacote de tratamentos (manicure + pedicure + head massage + lavagem de cabelo + escova + depilação da sobrancelha)? Menos de R$ 80,00. Ai se um indiano resolve abrir um salão desses no Brasil...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Com a pulga na cueca...



Sempre me considerei uma pessoa forte, principalmente no sentido “saúde” da palavra. Não sou de pegar gripes com freqüência, muito menos infecções sazonais, intoxicação alimentar, diarréia, etc etc etc. Porem, nos últimos 16 meses já peguei duas infecções “virais” (entre aspas porque nem os médicos estavam certos disso) e uma intoxicação alimentar que me deixaram de cama por bons e longos dias. O pior eh que nunca aconteceu próximo aos dias em que comi comidas sebosas na rua ou fui a mercados populares lotados de pessoas tuberculosas, sujas e mal-cheirosas. O negocio soh acontece quando como comida de hotel 5 estrelas, vou ao Shopping Center, ao cinema, ou fico em casa. Isso me deixou intrigada... Sou a prova viva de que, na Índia, a probabilidade de se encontrar uma bactéria patológica eh a mesma tanto na batata com limão e sal do vendedor da esquina, quanto na batata saute do restaurante italiano grão-fino do centro da cidade. Infecções sazonais não são para a classe pobre da sociedade... bem, pode ate ser, para os nativos... porque para os estrangeiros, não há distinção de raça, nacionalidade, nem salário... as vezes, nem de estação! Sou vacinada contra todos os tipos de doenças possíveis e imagináveis oferecidas no Brasil, mas aqui na Índia sinto-me tão frágil quanto a um bebe recém-nascido.
E ultimamente, evito comer em restaurantes de aparência muito agradável, pois isso indica que o preço do prato eh caro e, consequentemente, a procura eh pequena. Concluindo: a probabilidade de te oferecerem uma comida que esta ‘em banho-maria’ há dias na cozinha do restaurante eh muito maior! Bibocas sebentas as vezes oferecem pratos mais “confiáveis”, já que a rotatividade eh maior, e a comida vem sempre fresquinha (eu quero acreditar que isso eh uma verdade...) Agora, onde o cozinheiro coloca a mão dele entre o preparo de um prato e outro, isso não quero nem saber!
Well, o mais engraçado são as conclusões medicas. Na primeira infecção “viral” que tive, o medico me disse que eu estava com dengue, me passou uns comprimidos para tomar e mandou de volta pra casa:
- Se não melhorar em três dias, volte aqui – disse o tal do medico.
Ta bom, fazer o que? Voltei pra casa... e não eh de ver que três dias depois, la estava eu de volta no consultório dele (obviamente, o remédio não havia dado o efeito desejado):
- A verdade eh que você esta com febre tifóide. Tome estes outros remédios, volte para casa, descanse e, se você não melhorar em três dias, volte ao meu consultório.
O que?! Febre tifóide?! Qual eh?! Como eh que uma dengue se transforma em febre tifóide de uma hora pra outra?! Ok ok, tomarei os remédios... descansarei... te vejo daqui a três dias...
E três dias depois, la estava eu de novo no consultório. Já não sabia mais o que tomar, em quem acreditar, no que fazer:
- Bem, você estava com uma infecção viral. Isso eh infecção comum. Por causa do calor do verão, muita gente pega. Tome estes comprimidos que em dois dias você ficara boa.
... por que ele não tirou essa conclusao logo no primeiro dia em que fui la? Já que a infecção eh freqüente no verão (e estávamos no verão), não era grave e facilmente curável, por que não me ofereceu os benditos comprimidos logo na primeira consulta?! Acho que acabei me curando de raiva, soh para não ter que ir ao consultório dele novamente...
Bom, na segunda vez em que cai de cama, o medico foi mais direto. já foi dizendo de primeira que era infecção viral, me mandou fazer uns exames de sangue para confirmar, e receitou uma cambada de remédios que me curaram em quatro dias. Que tipo de vírus eu tive? Não sei dizer... e creio que nem o medico, pois quando perguntei, ele fez alguns rodeios e não respondeu a pergunta. Mas o que importa eh que estou saudável e curada.
Mas ainda continuo enquasquetada com essas infecções... o jeito eh continuar vivendo minha vidinha de sempre, com a mesma rotina, nos mesmos lugares, as mesmas pessoas... e rezar para que esses vírus mortais e bactérias sanguinolentas mantenham-se longe de mim! Sarava!