segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Fotos da caminhada


O começo


Na estrada

Atravessando o rio


Aproveitamos para andar na pista de terra paralela à rodovia


Depois do almoço...

O sol começa a se pôr


Está ecurecendo...


Parada para uma sopinha



3:00h da manhã: um frio da p...!


Sol nascendo no horizonte


Estamos quase lá!


Saindo da rodovia e pegando a estrada coberta por eucaliptos


No meio do nada...


Estrada de terra entre as fazendas


Chegamos!

A 100km Walk...


Ok ok, eu sei que não tem nada a ver com a Índia, mas como eu não estou mais lá e minha vida não tem mais tantas aventuras como antes, começarei a escrever sobre qualquer evento que eu ache interessante para postar neste blog. Senão, vou ter que acabar aposentando-o...

Então, minha mais recente aventura foi sobre uma caminha que fiz no início deste mês. Foram 100km andados (sim, fizemos caminhando) em 28 horas. Uma das melhores experiência que já vivi.

Tudo começou no início do ano, quando meu pai propôs fazermos essa caminhada. Todos os anos, durante o mês de agosto, acontece a caminhada de “Romaria” ou caminhada “da água suja”, como dizem alguns. Podemos dizer que é uma versão ‘mini’ da caminhada de Santiago de Compostela. É um trajeto que parte de qualquer cidade do Brasil (90% das pessoas partem de Uberlândia ou cidades vizinhas) até a cidade de Romaria. Essa cidade tem como padroeira a Nossa Senhora da Abadia e, portanto, todo dia 15 de agosto de cada ano, há uma festa em nome da Santa. Por isso, a partir do final do mês de julho até o dia 15 de agosto, várias pessoas fazem a caminhada para pagar promessas, buscar iluminação divina, ou mesmo para comemorar o dia de Nossa Senhora da Abadia na cidade de Romaria. Bom, aí está explicado o por quê da caminhada.

No caso meu e de meu pai, foi mais por uma questão esportiva do que religiosa, apesar de que a espiritualidade acaba nos encontrando no meio do caminho...

Enfim, formamos um grupo de quatro pessoas (eu, meu pai, um primo de meu pai e sua esposa) e partimos numa sexta-feira às 6:10h da manhã, da casa de minha avó, no centro da cidade de Uberlândia. Estava bastante frio, mas ver o fim do nascer do sol me fez esquecer o clima. O trajeto foi feito quase que exclusivamente pela rodovia. Quando não havia acostamento, procurávamos caminhar em alguma estrada de terra paralela à rodovia, ou nos encolhíamos no pequeno pedaço de asfalto que nos restava.

Os primeiros kilômetros foram tranqüilos: estávamos animados com o desafio, o clima estava agradável, tudo era bom. Passamos por paisagens lindas, tiramos fotos, aproveitamos. Até que chegou o almoço...

Depois de uma refeição reforçada, foi difícil continuar a caminhada no mesmo ritmo. Já estávamos andando por 7 horas seguidas, e a longa parada para o almoço fez as pernas amolecerem. Levamos 3 horas para fazermos os próximos 9 km, comparados aos 23km que havíamos feitos nas primeiras 5 horas de caminhada. Mas não desistimos; continuamos a jornada nos nossos 3,0km/hora quase-parando...

O pôr-do-sol chegou e ainda estávamos a pelo menos 10km do ponto onde queríamos acampar para tirar um cochilo. Achávamos que chegaríamos lá por volta das 20:00h, mas só conseguimos atingir nosso objetivo às 22:00h. Conseguimos fazer 60km em 15 horas, o que, para nós, foi um recorde. Mas nada se comparava ao cansaço, frio e fome que, juntos, faziam algo dentro de mim gritar: “Aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!”. E, para variar, o ponto de apoio em que pensamos em fazer a nossa parada noturna foi o mesmo local pensado por cerca de 200 outros caminheiros. O lugar estava lotadíssimo; tivemos que improvisar e dormir num galpão provisoriamente montado, onde haviam jogado apenas uma camada de palha de arroz no chão para o pessoal poder deitar e descansar. Depois de comermos uma boa canja de galinha para nos aquecer, o cansaço nos venceu e, ali mesmo, jogamos nossos lençóis e desmaiamos por quatro horas.

Levantamos às 3:00h na esperança de pegarmos a estrada sem tantos caminhões pelo caminho (o que facilitou muuuuiittoo a caminhada). Tomamos um rápido café e às 3:30h já estávamos na estrada. Foi o momento mais difícil, mas também o mais bonito da caminhada. O frio estava insuportável, as pernas não obedeciam nossas ordens de “Avante!” e o escuro nos impedia de enxergar pedrinhas e pequenos buracos no chão, obrigando-nos a dar tropeços a cada minuto. Mas nunca havia visto um céu tão cheio de estrelas antes. A verdadeira escuridão na Terra faz-nos ver o quão estrelado um céu pode ser. Além disso, como a rodovia não possuía iluminação nenhuma, todos trazíamos uma pequena laterna na mão que ia iluminando pequenos metros a nossa frente e nos permitia caminhar no escuro. Em alguns momentos, chegava a ser emocionante olhar para trás e ver aquela fila enorme de luzes azuis e brancas que nos seguiam. Creio que, para os carros que viajavam na direção contrária, a sensação devia ser como a de ver uma longa fila de vagalumes seguindo a escuridão da rodovia.

Quando o nascer do sol veio, já eram mais de 6:00h. Tentei curtir ao máximo aquela paisagem vermelho-amarelada que o sol promove no início da manhã, mas meus pés já estavam doendo tanto que minha mente pensava mais em “?%^&#*@!” do que na beleza do sol. A maior parte do caminho havia sido feita pelo acostamento, mas um acostamento sem manutenção, cheio de buracos e pedrinhas perdidas pelo caminho. Então, após 20 horas de caminhada, mesmo de tênis e duas camadas de meias em cada pé, a sensação que eu tinha era a de que eu estava calçada apenas com uma fina chinelinha havaiana surrada.

Mas a caminhada de água suja é como uma caixinha de surpresas. A poucos kilômetros da reta final, saímos da estrada e entramos numa região onde a rota principal era coberta por uma fileira de eucaliptos. Foi como entrar num portal que nos levava ao Paraíso. Depois de tanto tempo, finalmente pudemos ouvir o ‘som’ do silêncio, o qual antes nos era impedido pelo ruído ensurdecedor dos caminhões que, constantemente, passavam pela rodovia.

A pior parte foi a final. São 3 km caminhados por mais de 1 hora, mas que parecem ser 20 km e 200 horas. Descemos um vale e andamos por entre sítios e fazendas, impedindo-nos de ver o horizonte e, principalmente, a cidade de Romaria. A ansiedade aumentou 4 milhões de vezes e as pernas começaram a se arrastar, porque o joelho já havia perdido a função de se dobrar e levantar as canelas. Passamos por uma estrada de terra, um matagal piniquento, subimos ladeira, descemos ladeira, até que, finalmente.... cidade à vista!

Uma virada na rua à direita, outra virada à esquerda, seguimos um pouquinho em frente e, milagrosamente, a igreja apareceu. Devo confesso que, a minha vontade de entrar na igreja foi muito maior por uma sentada nos banquinhos do que pela admiração à imagem da Santa. Sentar, de repente, tornou-se algo de luxo, raro, digno de poucos. Juro que tentei fazer uma oração de agradecimento por ter conseguido terminar a caminhada, mas tive que desistir no meio do caminho quando percebi que estava quase dormindo sentada... :-P

Mas saímos de lá sentindo-nos vitoriosos, com a alma e o corpo renovados. E melhor, saímos de lá já programando uma caminhada para Santiago de Compostela num futuro próximo. Se Deus quiser, e Nossa Senhora da Abadia também, iremos fazer ainda muitas outras caminhadas. Amém!

No próximo post estão algumas fotinhas da caminhada...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Devdas x DevD

Todo mundo que gosta de filme indiano já deve ter assistido ao filme Devdas. Baseado num livro bengali publicado pela primeira vez em 1917, Devdas teve sua primeira versão bolywoodiana em 1927. A história é tão comovente e cativante que já teve 11 versões para o cinema, incluindo a mais recente produzida por diretores paquistaneses. A mais famosa é a versão de 2002 que contou com atores famosos como Shahrukh Khan e Ashwarya Rai.
Tanto o livro como os filmes contam a seguinte história: Devdas é um jovem de uma rica família Brahmin da região de Bengali (leste da Índia) do início do século XX. Paro (ou Parvati) é uma jovem moça de uma família bengali de classe média, da classe dos comerciantes. As duas famílias vivem numa pequena cidade da região, onde Devdas e Paro crescem juntos, mantendo uma forte e duradoura amizade desde a infância.
Devdas, entretanto, sai da cidadezinha e vai morar em Calcutá a fim de terminar seus estudos (nas versões atuais dos filmes, a cidade passa a ser Londres). Ao retornar para a cidade natal após 13 anos fora, Paro – sua amiga de infância – espera que sua família case-a com Devdas, devido à amizade entre as famílias e ao amor platônico sempre existente entre os dois. Claro que, de acordo com os costumes hindus, os pais de Devdas não aprovam a união, uma vez que a família de Paro é de uma casta inferior. Assim, para demonstrar seu status social, a mãe de Paro encontra um marido para a filha mais rico do que a família de Devdas. Quando Paro descobre sobre seu casamento arranjado, ela sai à procura de Devdas para que ele possa tomar sua mão em casamento, impedindo que ela se case com o outro homem. Devdas, ao procurar o pai para comunicar seu casamento com Paro, ouve de sua família a mesma resposta dada à mãe de Paro.
Desesperado por saber que seu futuro com Paro mão é permitido, Devdas volta a Calcutá e, de lá, escreve uma carta a Paro, dizendo que eles somente poderão ser amigos nesta vida. Depois de alguns dias, entretanto, ele percebe seu erro e volta à sua cidade. Qual a surpresa quando, ao conversar com Paro, descobre que seu casamento com outro homem já está em andamento, revelando Paro que a covardia e a fraqueza de Devdas fê-lo perdê-la para sempre. Ela, no entanto, faz um último pedido a Devdas, de que ele voltará para ela antes de morrer. Devdas promete voltar e parte novamente a Calcutá.
Paro casa-se então com um homem viúvo e já com um filho. O homem revela a Paro que o casamento realizado ali foi apenas uma formalidade, pois seu amor ainda existia por sua primeira esposa e seria impossível que ele pudesse amar Paro.
Em Calcutá, Devdas re-encontra seu amigo Chunnilal, que o apresenta a uma cortesã chamada Chandramukhi. Devdas passa a freqüentar o salão de Chandramukhi todas as noites, entregando-se a boemia e ao alcoolismo. A cortesã, porém, apaixona-se por Devdas e faz de tudo para cuidar dele. A saúde de Devdas deteriora devido ao alcoolismo, mas este mantém o vício como uma forma de suicídio lento, punindo-se pela perda de Paro. Devdas encontra dentro de si uma constante comparação entre Paro e Chandramukhi, pelo contraste entre as duas mulheres e a dúvida de seu amor por elas.
Sabendo que vai morrer, Devdas retorna a sua cidade para encontrar Paro e firmar sua promessa com ela. Porém, ele morre na porta de sua casa, sozinho. Paro é impedida de ver Devdas pela família do marido, que sabia de seu amor por ele.
O triste final demonstra o poder dos costumes e das famílias indianas do início do século XX, mostrando que a responsabilidade e comprometimento de uma pessoa com a família iam além de um final feliz ou de uma história de amor. A mulher indiana do início do século XX não tinha força de voz ou ação dentro da família e o amor não era visto como algo importante para o casamento.
Mas por que estou escrevendo isso? Porque no ano passado, o diretor indiano Anurag Kashyap criou uma versão fantástica para Devdas. A versão moderna para a história também originou um nome moderno – DevD (apelido de Devdas). Anurag utilizou atores pouco conhecidos e cenas extremamente fortes para o público indiano, resultando no único filme de 2009 a ser classificado como 5 estrelas pela crítica de Bolywood. E se vocês pensam que o final do filme foi triste, estão bem enganados.
Apesar de DevD não se casar com Paro na versão de 2009 (assim como em todas as outras versões), o personagem principal ganha uma liberdade para tomar decisões de sua própria vida que o torna mais forte e mais consciente de seus sentimentos. DevD e Devdas, na verdade, tornam-se duas pessoas completamente diferentes: enquanto Devdas morre incerto de seu amor por Paro ou Chandramukhi, DevD não só sobrevive, como dá a volta por cima de sua vida na boemia, enfrenta suas fraquezas e reconhece que seu amor por Paro, na realidade, nunca existiu. Enquanto Devdas busca a piedade no alcoolismo, DevD encontra a coragem para mudar e descobre que o caminho para ser feliz ainda existe.
Mas a mensagem mais importante que o filme DevD conseguiu transmitir é a de que o amor não necessariamente nasce de uma relação em longo prazo, e nem deve ser mantido somente por causa disso; mas, com certeza, o amor cresce do respeito e da dedicação entre duas pessoas, não importa quanto tempo dure...
Moral da história: dia 12 está chegando e muitos apaixonados já estão na expectativa do grande dia. Então aproveitemos a data para nos dedicarmos ás pessoas que amamos, no sentido de as conhecermos mais, respeitarmos mais e de descobrir que o melhor amor é aquele que nos deixa livres de dúvidas, de regras, de apreensões. Porque o verdadeiro amor não tem barreiras e, muitas vezes, nem é eterno... mas é amor.

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa Feliz

Estamos na Páscoa, época em que se celebra a morte e ressurreição de Jesus. Para os cristãos, é uma data importante, pois indica o início da expansão das palavras de Cristo e fundação da igreja Católica. Jesus de Nazaré teve uma vida dedicada ao conhecimento espiritual e à transmissão de sua sabedoria a seus discípulos na Terra. Não visou a riqueza material, nem a luxúria ou o poder, mas sim, a felicidade através da descoberta de que Deus está em toda parte, inclusive dentro de cada ser. Podemos até dizer que divulgou seu próprio slogan: “Amar e ser amado”.

No entanto, a vida de Jesus é marcada por várias similaridades com a vida de Krishna. Esse último é considerado um Deus Hindu e reencarnação de Vishnu, um dos membros da Trindade Hindu. Comparando-se a vida desses dois homens – ambos importantes símbolos religiosos das religiões Cristã e Hindu – pode-se sugerir que muito do que sabemos sobre Jesus é, na verdade, um reflexo ou mesmo cópia da vida de Krishna. Mais de 3000 mil anos separam o período em que Krishna e Jesus estiveram na Terra, sugerindo que há grandes chances de que a vida de Jesus seja uma versão “moderna” da vida de Krishna, ou que, pelo menos, trechos da vida de Krishna tenham sido incorporados à história de Jesus Cristo.

Vejamos: Assim como Jesus na Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), Krishna é considerado a segunda pessoa da Trindade Hindu. Ambos denominavam-se ‘Filhos de Deus’ e, após suas mortes, subiram aos céus ainda na forma de Homens e não, de espíritos. Além disso, ambos chegaram a aclamar a frase “Eu sou a Ressureição”.

Um estudo realizado por Kersey Graves no século 19 mostrou ser possível observar 346 elementos em comum entre as vidas de Jesus e Krishna. Posteriormente, outros autores aprofundaram o estudo de Graves e incorporaram novas evidências e comparações. Citarei aqui alguns casos, a título de curiosidade:

- De acordo com a Bíblia, Maria concebeu Jesus em seu ventre ainda virgem, quando foi visitada pelo anjo Gabriel. Krishna foi o oitavo filho de Devaki, mas sua concepção parece ter acontecido quando o próprio Deus Vishnu descendeu no ventre de Devaki para nascer na Terra como o filho Krishna.

- O pai de Jesus era um carpinteiro, assim com o pai adotivo de Krishna, Yasoda.

- Na época do nascimento, tanto Jesus como Krishna foram visitados por homens importantes, que chegaram ao local seguindo uma estrela no céu.

- Em ambos os casos, anjos apareceram durante suas infâncias para avisar aos pais de que os ditadores locais planejavam matar seus bebês. Os pais adotivos de Krishna estavam na cidade de Mathura. Maria e José estavam na cidade denominada na época de ‘Muturea’.

- Durante a vida adulta, Krishna e Jesus realizaram milagres, curando doentes, trazendo mortos de volta a vida e espantando demônios. Coincidentemente, um dos primeiros milagres de ambos foi curar um homem leproso.

- Ambos selecionaram discípulos e, a eles, transmitiram suas mensagens.

- Momentos antes de suas mortes, ambos se recolheram para meditação num jardim. Durante esse episódio, Jesus foi tentado por Satanás; Krishna foi tentado por uma mulher, representando as tentações materiais.

- Krishna e Jesus participaram de uma última ceia; e perdoaram seus inimigos.

- Ambos caíram no inferno e ressuscitaram, e muitas pessoas presenciaram suas ascensões aos céus.

Um fato interessante é o de que Krishna sempre foi considerado um homem cheio de amantes, enquanto que Jesus é representado por um homem que não teve nenhuma relação amorosa com mulheres. Krishna casou-se com Rumini, a princesa de Vidarbha, quando a seqüestrou durante seu casamento com outro homeme, a pedido da própria mulher. De acordo com as escrituras hinduístas, Krishna teve 16108 esposas. Destas, 16100 eram escravas mantidas em cativeiro pelo demônio Narakasura. Após matar o demônio e libertar as mulheres, Krishna casou-se com todas, uma vez que estas, por serem prisioneiras do demônio, não seriam mais aceitas na sociedade para casamento. Assim, Krishna salvou a honra dessas mulheres casando-se com elas. Portanto, Krishna foi, na verdade, um defensor e mantenedor dos direitos femininos na sociedade. Da mesma forma, Jesus salvou a vida de Maria Madalena e restaurou sua honra entre os cidadãos ao evitar que ela fosse apedrejada até a morte em público.

Há diversas outras comparações, bem como diferenças entre as vidas de Krishna e Jesus Cristo. Ainda não há como comprovar o que é verdade ou apenas mito, há somente a fé que faz com que milhões de pessoas celebrem a morte e ressurreição de Jesus Cristo nessa época do ano. Quer a vida de Jesus tenha sido uma mera cópia da vida de Krishna, quer Jesus tenha realmente vivido todos os passos escritos na Bíblia, não importa. O que vale é acreditar que esses dois seres – Krishna e Jesus – estiveram na Terra para transmitir uma mensagem de amor, paz e bondade para nós. E o mais importante, que nós saibamos utilizar essas mensagens com inteligência, aprendendo a enxergar a beleza da vida, das pessoas e da natureza... e a fazer doce não somente os chocolates, como a nossas vidas também! Uma Boa Páscoa para todos!

domingo, 28 de março de 2010

Síndrome da Abstinência Literária

É engraçado como nada de interessante acontece desde que eu voltei ao Brasil; nada sobre o qual eu possa escrever sobre o assunto. Nada de tão engraçado, nada de diferente... além dos crimes e aberrações políticas (que já são notícias rotineiras no país), não há nada que me desperte a criatividade literária para poder me expressar nesse blog. Portanto, ficarei fora do ar por algum tempo até que o Espírito Santo hindu re-encarne (ainda se escreve assim ou a nova lei ortográfica já mudou a palavra...?) de novo, ou pelo menos a alma de José de Alencar, Machado de Assis ou similar, mas qualquer uma que me faça escrever um texto digno de ser postado aqui. Para os de plantão, estou aceitando até almas de “escritores” anônimos, como o de “Batatinha quando nasce...”, da piada dos tomates que foram atravessar a rua, qualquer um aí disponível a me dar uma luzinha...

Não sei se tenho leitores assíduos, com exceção de minha mãe, mas se houver e quiser dar alguma sugestão, por favor, essa é a hora perfeita para você se manifestar!

No mais, é só isso mesmo...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Conta de banco




Encerramento de conta em banco nunca é complicado demais. É complicado, mas o procedimento não leva muito tempo, a não ser que se tenha uma dívida pendente no banco ou algo semelhante. Mas fechar conta num banco localizado em Nova Déli é outra coisa... principalmente se o banco for do governo...
Explicarei: para quem ja foi na Índia e teve a ‘oportunidade’ de abrir conta em bancos de lá, dá para perceber descaradamente a diferença dos serviços entre os bancos privados e do governo. Bancos como HSBC, Real e CityBank apresentam infra-estrutura de primeira linha, atendimento personalizado, filas pequenas para atendimento nos caixas e claro, estão abertos até em dia de domingo. Já os bancos estaduais e federais são completamente diferentes: a primeira impressão que se tem quando se entra num banco desses é a de que voltamos no tempo; parece que estamos num banco dos anos 70, onde todos os procedimentos bancários são feitos a mão, há pilhas e pilhas de papeis encima de todas as mesas, quando há um computador, ele trava toda hora ou está desativado, há filas enormes e demoradas para atendimento nos caixas e, o mais imporante, ninguém sabe te informar quem pode te ajudar com qualquer que seja o seu problema.
Para a minha ‘sorte’, o ICGEB tem parceria com um desses bancos e, consequentemente, todos os seus alunos e funcionários tem que abrir uma conta lá para receber a bolsa de estudos ou o salário. E lá vou eu abrir a conta no tão querido banco...
Nao passou dois meses e resolvi que ter uma conta paralela num banco privado seria de grande utilidade, pois às vezes nem o caixa eletrônico do banco estatal tinha dinheiro disponível para saque. Isso foi uma beleza. Sempre que o dinheiro era deposito na conta do banco do governo, imediatamente eu o transferia para a conta no banco privado e ,dali, eu movimentava tudo. Mas o pior ainda estaria por vir. E isso aconteceu dois anos depois, quando fui ao banco encerrar a conta, já que estaria voltando ao Brasil e não a utilizaria mais.
Cheguei ao banco às 10 e meia da manhã, horário em que ele abre. Passei pela mesa de 4 funcionários que ficavam brincando de pingue-pongue comigo, me jogando de mesa em mesa cada vez que eles perdiam a paciência por me ouvir toda hora fazendo perguntas e querendo saber quando minha conta seria encerrada. Finalmente um deles se cansou de ouvir minha ladainha e minha peregrinação interminável pelo banco e resolveu ajudar. Cancelou meus cheques e cartões, e sacou o dinheiro que ainda restava na minha conta. Agora só faltaria fechá-la definitivamente. Já era uma e meia da tarde, quando os funcionários resolveram mandar o ‘pepino’ de fechar a minha conta para a gerente. E esta, tranquilamente, veio me dizer que, apesar dos meus cheques e cartões já estarem cancelados e de eu não estar devendo nada para o banco, ela não poderia fechar a minha conta. A justificativa para tal veio como um “mmhhh xiiibsss rrrauugghh...”, algo como um gemido, uma frase sem palavras e sem explicação que acabou ficando no ar. A única explicação dada a mim foi a de que a minha conta deveria estar inutilizada por pelo menos um mês para que ela pudesse ser cancelada. Só que no proximo mês eu não estaria lá para fechá-la e, a propósito, por que não me disseram isso na primeira vez em que eu falei “vim fechar minha conta”? Por que cancelaram meus cheques e cartões se não podiam fechar minha conta? Desperdicei três horas no banco para ouvir sarcasticamente do gerente administrativo a seguinte frase:
- Veja bem minha senhora, você não pode fechar conta nesse banco. Leia o nosso slogan: “Banking for life”...
É mole?!