sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ceu azul

Apos vários meses de seca, finalmente a chuva chegou. E com ela vieram as folhas verdes, a terra úmida e o céu azul. Tão azul que chega a hipnotizar. Eu, tão acostumada a ver o céu de Nova Deli sempre cinza, causado principalmente pela poluição, me deliciei hoje pela manha ao sair de casa e me deparar com aquela imensidão azul do céu. Tão limpo, tão azul. A temperatura também está mais amena. Saímos da casa dos 40 graus e estamos na casa dos 30-35. A brisa que passa é fresca e as noites não demandam mais ar-condicionado ligado. Esse conjunto céu azul/brisa fresca/folhas verdes me fez lembrar o verão de Brasília... Quanta nostalgia... E deu saudades da terrinha... Fechando os olhos eu pude me sentir no meio do Parque da Cidade, na Água Mineral ou mesmo no Pontão do Lago Sul. Há quanto tempo não curto uma paisagem tão linda...! Não é por ser minha cidade-natal, mas não há céu mais bonito do que o céu de Brasília. E hoje tive a oportunidade de curti-lo aqui, em Nova Deli, a 14000 km de distancia... Estou feliz! :-)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Estados e seus significados


Recentemente tive uma breve aula sobre o significado dos nomes de alguns Estados da Índia. Como achei muito interessante, resolvi postar aqui:
(1) Estado de Himaanchal Pradesh
A palavra Himaanchal vem de duas outras palavras do sânscrito (idioma que deu origem ao hindi): him e aanchal. ‘Him’ significa gelo e ‘aanchal’ é a parte do saree que as mulheres usam para cobrir a cabeça, bem como para cobrir seus bebes. Então, a palavra ‘Himaanchal’ significaria mais ou menos uma cobertura de gelo protetora. Já a palavra ‘pradesh’ significa Estado. Portanto, Himmanchal Pradesh é o Estado onde há uma cobertura de gelo protetora. Esse Estado fica no norte da Índia, já no inicio das montanhas do Himalaia.
(2) Estado de Uttaraanchal Pradesh
Uttaraanchal também pode ser dividido em duas partes: ‘uttar’ e ‘aanchal’. A segunda palavra já foi descrita acima. ‘Uttar’ significa norte. Uttaraanchal Pradesh seria, então, o Estado onde o norte esta protegido... E nem preciso dizer em que parte da Índia esse Estado esta localizado, ne?
(3) Estado de Rajasthan
A palavra ‘Raj’ significa realeza e a palavra ‘sthen’ significa lugar. Então, Rajasthan seria o local da realeza. Sim, porque esse Estado ainda preserva muitos dos palácios construídos pelos reis hindus e muçulmanos que governaram a Índia nos últimos 1000 anos (pelo menos...).
(4) Estado de Haryana
A palavra ‘hara’ significa verde. Portanto, Haryana é o Estado do verde. ‘Hary’ seria a palavra descendente de ‘hara’.
(5) Estado de Punjab
Punjab veio de duas palavras do idioma local: ‘punj’ = cinco e ‘aab’ = rios. Punjab, então, significa o Estado dos cinco rios. Antes da divisão do Estado de Punjab em duas partes (uma parte ficou com a Índia e outra, com o Paquistão), a região continha 5 rios principais que abasteciam todo o Estado
(6) Estado de Maharastra
No idioma local, ‘maha’ vem de ‘grandioso’ e ‘rastra’ significa nação. Assim, ‘Maharastra” nada mais é do que o Estado que contem ‘uma grande nação’.

Ah! Também aprendi o porquê dos Himalaias terem esse nome. De acordo com o sânscrito, ‘alaya’ significa lar e, como eu já havia explicado antes, ‘him’ significa gelo. Então, os Himalaias são o lar do gelo, o lar da neve...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

ICGEB

Venho comentando em meus posts sobre o meu local de trabalho, mas nunca realmente falei sobre ele. Pois bem, esse texto será sobre o ICGEB (International Centre for Genetic Engineering and Biotechnology), que é o lugar onde estou trabalhando aqui na Índia. Sim, vou falar sobre ele porque o considerado um dos lugares mais aprazíveis de se trabalhar.
O Instituto fica no sul de Nova Deli, perto da JNU (Jawaharlal Nehru University), na Avenida Aruna Asaf Ali Marg. É o ultimo Instituto de pesquisa da Avenida, pouco conhecido por muitos, mas muito conhecido no mundo cientifico. Para se chegar ao Prédio principal, temos que andar mais ou menos uns 500m dentro da área do Instituto. A rua é seguida por arvores, cujos galhos formam um grande túnel verde, dando uma sensação de que estamos entrando no Jardim botânico e não, num Instituto de pesquisa. O local todo é preenchido pelo verde. Nem parece que estou em Deli. A arquitetura do prédio também é bem interessante. Não sei explicar como e do que é feito, mas sinto-me entrando num castelo. Do terraço podemos ver do Qtub Minar ate Nehru Place. É o local de reflexão. Quando o trabalho está muito puxado ou quando temos que desenvolver novos experimentos, escrever artigos, etc e tal, é lá que nos refugiamos. Alem da vista ser maravilhosa, muitos aproveitam para admirar as varias espécies de pássaros que sobrevoam o local. O canto dos passarinhos que pousam é muito reconfortante. É também o ponto de encontro para festinhas e happy hours. E quando chove, todos correm para o terraço a fim de admirar a água que cai.
No térreo, perto da cantina, há um jardim onde, exceto no verão (pois o clima está muito quente), as pessoas se reúnem para tomar chá, café ou mesmo passar o tempo conversando. Uma ou duas vezes por ano, os doutorandos se reúnem no jardim para um campeonato de críquete ou badminton.
Aqui não existe horário de trabalho. Na verdade, existe, que é das 09h30minh as 17h30minh, mas só o pessoal da administração o cumpre. Cada um faz seu próprio horário. Tudo depende do experimento a fazer, da vontade em se chegar mais cedo ou sair mais tarde. No mundo da pesquisa, o chefe esta lá para dar conselhos e orientar seus subordinados, mas em geral, é cada um por si. Sou eu que desenvolvo meus experimentos, sou eu que escrevo meus artigos, sou eu que vou atrás dos reagentes que preciso. Não dependo de ninguém e, muitas vezes, nem do meu chefe... Alias, depender do chefe, na minha profissão, significa não ser capaz de ser um bom pesquisador...
A maioria do pessoal sempre trabalha mais do que às 8 horas exigidas... E não reclama. Mas com a paisagem que temos todos os dias, não há quem se estresse por aqui. Sempre há o que fazer, mas tudo no seu tempo. E há espaço para sair e tomar chá, para admirar os pássaros no terraço, para meditação (nossa pausa pessoal do dia-a-dia), para se reunir e contar piadas e para trabalhar, claro. Se quiser vir aos sábados e domingos, será bem vindo. Mas se quiser tirar uma sexta-feira de folga para aproveitar um feriado e viajar, não terá problema. O que importa não é quanto tempo estou despendendo no meu local de trabalho, mas o quanto sou capaz de produzir no período em que estou aqui. Se produzo muito, ganho vantagens. Se não produzo, tenho que ficar aqui ate mostrar algum resultado. Tudo muito justo.
O Instituto também incentiva alunos e funcionários ao esporte e as artes. Um fato raro aqui na Índia. Alem dos campeonatos de críquete, badminton e ping-pong (Ah! Aqui também tem uma sala de ping-pong para o pessoal aliviar o ‘estresse’ durante o horário de trabalho) há também apresentações artisticas freqüentes, onde musicistas e dançarinos mostram o que há de melhor do clássico indiano. Alem disso, temos mostra de filmes americanos (relacionados com a saúde ou o meio ambiente, claro, tal como o filme ‘Filadélfia”) uma vez por mês. E lembrando que normalmente, é no horário de trabalho.
Enfim, quem já trabalhou aqui vai saber que será muito difícil encontrar outro lugar tão agradável. Tanto de estrutura e paisagem, quanto de equipe. Ou vai me dizer que você também pode desfrutar de jardins, chás, trabalho ‘fora de hora’ (no sentido de que você pode trabalhar no horário que quiser) e apresentações culturais frequentemente no seu trabalho?



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cabelo branco

Não sou muito de reparar nos cabelos brancos das pessoas, a não ser que todos os cabelos sejam brancos. E quando alguém vem comentar que encontrou um cabelo branco na cabeça, fico a pensar comigo: “Puxa, tenho 30 anos e ainda não tenho cabelos brancos. Bom pra mim!”. Mas como diz o ditado ‘tudo o que é bom dura pouco’, isso durou pouco pra mim também.
E é engraçado que, quando encontramos o primeiro fio de cabelo branco na cabeça, ele nunca está escondido entre as madeixas; o cabelo-terrorista aparece bem no meio da cabeça, é um fio grosso e brilhante e ainda por cima insiste em se manter contra a lei da gravidade. Foi assim que aconteceu comigo. Lá estava eu lavando minhas mãos no banheiro do ICGEB, quando me atrevo a olhar no espelho. De repente, vejo aquele fio apontando para cima como se fosse o cabelo do Cebolinha. A principio, pensei que era o reflexo da luz que fazia com que ele se parecesse branco. Tudo ilusão. Era branco mesmo. Antes que qualquer pessoa pudesse entrar no banheiro e ver aquele horrivel fio, comecei desesperadamente a tarefa de arrancá-lo da minha cabeça. Puxei tanto, que vieram outros cinco fios ‘normais’ junto. Fiquei descabelada e quase careca (exagero!), mas a missão foi cumprida. Dei logo um jeito de eliminar a prova do crime e tratei de jogar o cabelo-terrorista no lixo. Ninguém viu, ninguém viu... E saí do banheiro como se nada tivesse acontecido...
Mas agora, segue-se o trauma diário: todos os dias, antes de sair de casa, volto-me ao espelho na procura de mais fios brancos. Até agora não encontrei mais nenhum. Mas o medo permanece...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Do not spit

Esse post vai ser bem curtinho. Apenas um comentário. Fui fazer uma viagem de trem pela Índia e, ao chegar à estação ferroviária, deparei-me com a seguinte placa:
(Favor não cuspir)

Onde mais no mundo é preciso ter uma placa dessas para evitar que as pessoas inundem o chão de cuspe? Só aqui mesmo...

Agora, não entendi a ilustração...