segunda-feira, 27 de julho de 2009

Formula auto-rikisha

Li outro dia, não sei onde, um artigo explicando o porquê de ocorrerem tantos acidentes automobilísticos catastróficos nos Estados Unidos. De acordo com o escritor (de quem também não me lembro o nome), nos Estados Unidos, as pessoas acreditam e confiam no sistema de transito e, portanto, o obedecem. Assim, ninguém perde tempo olhando para os lados antes de atravessar uma pista quando o sinal esta verde. O motorista sempre acredita que ninguém será doido o suficiente para ultrapassar o cruzamento com o sinal vermelho. Por isso, quando alguém o faz, o resultado são acidentes fatais.
Sem querer, acho que esse cara explicou porque aqui na Índia eu nunca vi acidentes de transito com vitimas fatais. Claro que deve acontecer, mas não é freqüente. A verdade é que ninguém confia ou obedecem às leis de transito por aqui. É um mar de “salve-se quem puder”, onde carros competem entre si para ver quem ultrapassa mais sinais vermelhos, anda mais na contramão ou faz mais ‘gatos’ durante um dia. Não existe carro sem um amassado na lataria, pois batidas ocorrem diariamente. É como estar num parque de diversões, naquele brinquedo de carrinhos de bate-bate. Se bateu, há uma discussão entre os motoristas que dura de 2 a 5 minutos e pronto, cada um vai para o seu lado. Às vezes, os motoristas nem se dão ao trabalho de discutir e simplesmente continuam a seguir pela via como se nada tivesse acontecido. E não é só entre carros; os auto-rikishas também fazem parte do cenário. E como fazem! Quando as pistas estão um pouco mais vazias, eles aproveitam para usar toda a potencia do veiculo e correm como se estivessem num rali. Só que um rali sem navegador, sem sistema de segurança... Só o motorista e nós, passageiros, que ficamos pulando de um lado para o outro no banco de trás. Outro dia peguei um desses para ir para casa. Creio que o motorista deveria estar participando de uma Formula auto-rikisha urbana e resolveu me levar com ele. Alem do fato do veiculo provavelmente não ter freios – pois o rikisha quase chegou a ficar sob duas rodas em uma das curvas durante o percurso – o motorista corria tanto que eu já estava procurando um lugar com faixas, cartazes, torcidas e uma fita atravessada na pista simbolizando a linha de chegada. Acho que o total do trajeto deve ter levado 20 minutos, mas, na minha cabeça, levou umas duas horas... Juro que senti meu coração pulando pela boca. Isso quando eu não tinha que segurar minha mochila que quase ia voando rikisha-afora. Ah, e detalhe: eu estava de saia. E essa fazia questão de esvoaçar o maximo possível só para eu ficar mais aflita. Nessa hora aprendi todos os mantras hindus, orações católicas, e preces muçulmanas existentes no universo. Nunca rezei tanto, tão rápido e tão desesperadamente em minha vida... e miraculosamente, o motorista conseguiu fazer todo o trajeto sem nenhuma batidinha. Faltando 200 metros para chegar a minha casa, meu subconsciente já estava tão no ritmo de corrida que começou a tocar a musica-tema do Ayrton Senna... Gloria! Cheguei em casa viva! Dei ate um trocado a mais para o motorista; não por merecimento, mas para que ele nunca mais apareça em minha vida...

3 comentários:

Anônimo disse...

Vai ver que o que ele queria mesmo era que sua saia levantasse para ver suas coxas... Menino criativo!!!
Abç.
Verõnica.

Iseedeadpeople disse...

Nossa, já sofri horrores com estes motoristas de auto! Meu consolo só é q tem tanto carro e auto lá, que as ruas sempre estão congestionadas e dificilmente se consegue correr (pelo menos nas cidades em q fiquei).

Muriel Pareto disse...

Que louco! Cada coisa que a gente fica sabendo sobre a índia, dá mais vontade de conhecer ;)

Bjuxxx adoro seu blog :)