segunda-feira, 16 de março de 2009

Amiguinha

Depois de quase um ano e meio no ICGEB sendo a única brasileira do Instituto, melhor, a única do continente americano, eis que chega ao final do mês de janeiro uma conterrânea. Para minha felicidade, ela veio da minha cidade – Brasília - e de um grupo de pesquisa que eu também já conhecia. A minha carência por ver uma brasileira todos os dias se juntou com o desespero dela em estar numa terra distante e logo ficamos amigas. Nunca imaginei que conversar todos os dias em nosso idioma nativo seria tão prazeroso...
Anne chegou à Índia sem falar muito inglês e nada de hindi. Trancou o curso de graduação em Brasília para vir fazer um treinamento de seis meses no ICGEB. Nunca tinha ido para qualquer outro pais antes de vir pra cá. Então, como brasileira solidária, ajudei-a a encontrar um lugar para morar (hoje somos vizinhas), a pegar oto, comprar comida, enfim, a se virar como todo “firangi”.
Mas não postei este texto para falar de Anne; estou escrevendo para comentar sobre os episódios ocorridos com Anne... (pedi permissão a ela antes de escrever, e ela consentiu... agora Anne, é tarde demais para pensar em dizer não...). Fazia muito tempo que não me divertia tanto com alguém. Anne é uma ótima pessoa, mas a coitada sai de uma mancada para entrar em outra. E eu não agüento, tenho que rir... Vou citar alguns destes episódios:
O nome ‘Anne’ é pronunciado no Brasil do jeito que se escreve, mas aqui as pessoas a chamam como o 'Anne' das americanas, daí soa igual a palavras ‘any’. Pois bem, estávamos um dia a conversar e eu disse a Anne que ela era ‘Incredible Anne’, fazendo um jogo de palavras com o slogan turístico daqui que é ‘Incredible Índia’. Não demorou muito e ela soltou a perola:
- O que é “Anne”?



Acho que ela estava tão acostumada a perguntar sobre palavras em inglês que não conhecia que, nesse momento, não reconheceu nem o próprio nome...
Sei como é difícil estar num pais onde o idioma local não é o nosso, e deve ser mais difícil ainda quando não estamos familiarizados com o novo idioma - nesse caso, o inglês. Anne já disse frases do tipo “I am hot” (eu sou gostosa) quando na verdade queria dizer “I am feeling hot” (eu estou com calor), e outras que não vou comentar, pois o sentido das frases é censurado para menores de 18. Ainda bem essas frases foram ditas para pessoas conhecidas...
Ah sim, fomos para Jaipur. Anne queria porque queria andar de elefante e camelo. Depois de muita, mas muita insistência, ela me convenceu a ir com ela. Montamos no elefante primeiro, demos a voltinha. Depois no camelo. Mais uma voltinha. Não satisfeita, viu uns porcos na rua e me perguntou se poderia montar neles também... (sem comentários)
Essa semana, Anne chegou à minha bancada com o rosto todo vermelho de vergonha dizendo que tinha feito uma besteira. Perguntei o que era, e ela me contou que estava procurando o técnico do laboratório para levar dois potes com água para autoclavar (não explicarei o que é autoclavar, pois não é relevante na estória). Como não o encontrou, foi direto a sala de autoclave para ver se ainda dava tempo de colocar suas amostras na maquina, pois o horário para tal feito já havia passado. Infelizmente, não encontrou ninguém na sala de autoclave. Ainda em sua busca, encontrou uma porta ao lado desta sala, onde a parte inferior era de vidro. Resolveu olhar por este vidro para ver o que havia dentro e descobriu que era o banheiro masculino. Só que no momento em que se abaixou para olhar, descobriu que havia uma pessoa utilizando o banheiro... e era o técnico do laboratório dela. Graças a Deus o cara já estava se vestindo, mas conseguiu pegar Anne olhando pelo vidro... Não preciso explicar mais o porquê de ela ter chegado a minha bancada toda vermelha... E os potes de água não foram autoclavados... O pior é que, no mesmo dia, ela esbarrou no mesmo cara, quase jogando os potes de água nele, e ainda usou (sem saber) os meios de cultura que ele tinha feito para uso próprio. Dias de Murphy...
E eu fico de espectadora, só observando esses momentos... E me divertindo! Mas quem não da suas mancadas, não é mesmo? Ate eu dou as minhas de vez em quando... Mas isso vai ficar para outro post...hehehe

4 comentários:

Profa. Anne Winne disse...

Puxa... conviver com essa tal de Anne deve ser muito divertido! Huuum... e pela foto deu pra ver que ela é bem gatinha, hein?! rs
"Frower", o texto ficou bom... mas melhor ainda vai ser " a revanche" quando for pra contar as suas mancadas! Faço questão de te ajudar! hahaha
Bj!
PS: Ai, que gracinha! rs

Anônimo disse...

Oi Patricia, Anne me passou o link do post "dela"... heheh... você está convivendo com uma das melhores pessoas que eu ja conheci aqui em Brasilia. Ela só meio maluca, ne?
Saudade dela... não tenho niguém pra aperrear =D
By the way, seu blog é uma gracinha =)

Anônimo disse...

Anne, não volte logo... fique até final de setembro. Sua presença deu enorme alegria ao cotidiano da Patricia. Um grande beijo!

Anônimo disse...

hehe vcs terão muitas histórias pra contar! Tenho uma melhor-amiga-irmã-gêmea aqui e a gente dá cada fora também, rsrsrsrs adoooooro! Bjs pra vcs!